terça-feira, 28 de julho de 2015

Na vida, como no poema.

A vida é – ou deveria ser – o exercício de conjugar o sentir com o agir. Como é no poema. Ordinária é a vida sem auto-análise, sem alguma constrição voluntária, sem testar limites. Como é no poema. Infinitas possibilidades de significação de nada servem, senão para diluir a vida num grande oceano de nada e tédio. Como é no poema. A palavra exata, no momento correto, é a diferença entre mais uma palavra na vida e um ato único e memorável, como o abraço oportuno, o sorriso inesquecível ou o silêncio necessário. Como no poema.

Como no poema, de que vale a vida que não se molda a cada momento, a cada lugar, para depois transcender-se continuamente? De que vale um sentimento que não se potencializa na melhor forma de expressão possível? Afinal de contas, o que é a boa vida – de todos, e não só a do poeta – senão viver um bom poema, fazer-se poesia?

terça-feira, 14 de julho de 2015