segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Metalinguagem

Além de um início intrigante, de um desenvolvimento envolvente, é fundamental, para uma boa Crônica, um final surpreendente.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Sobre a Arte de Viver


As coisas simples tem o condão de maravilhar as pessoas com muito mais força do que as complexas, pelo simples fato de terem uma beleza inesperada. A pureza da alma e uma percepção mais aguçada transformam certas pessoas em poços de "maravilhamento", e estas, geralmente, se transformam em artistas.

Alguns despertam no correr da vida, outros já nascem percebendo o mundo de outra forma, ambos dando valores a sonhos e não a títulos, salvando-se de desilusões, lembrando-se que a realidade se curva ao desejo e que, apesar de todas as pedras, pecados e mancadas, cada momento é único e sem volta, a vida é única e, mesmo errando, não há tempo pra remorso.

Viver no limite de cada emoção apresentada a cada momento, degustar todo segundo de uma existência simples, porém, complexa em sabores e cores. Saber provar, ouvir e sentir, tudo em seu tempo e sempre indo além, vendo além, infinitamente, até que no fim de tudo se possa dizer que viveu e aprendeu o real significado de estar vivo e não apenas de existir.



Resgatei este, publicado há exatos 11 anos, em 09.12.2004, no Ruminare, meu primeiríssimo blog, cuja senha e o login desapareceram nas brumas da memória para nunca mais voltar.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A Bela contra a Fera

- Os aviões o pegaram!
- Não foram os aviões. Foi a Bela. Como sempre, a Bela matou a Fera.

Esta fala encerra as duas versões de King Kong que eu mais gosto: a de 1933 e a de 2005. As outras adaptações para cinema não chegaram aos pés destas, incluindo a mais famosa delas, de 1976, que contava com o charme do Jeff Bridges barbado e da loiríssima Jessica Lange.

"O que a gente não faz por amor?!”, eu pensava. Ainda penso... mas não sou só eu, garanto. Imagina só, você na sua ilha deserta particular, todo poderoso, domina tudo, até mesmo dinossauros e outras criaturas gigantes. Mas aí vem a beleza, a delicadeza, a suavidade... você fica vulnerável e, quando vê, não está mais no comando, se deixa pegar, embarca em qualquer aventura pra estar sempre perto dela. Quando se dá conta, já está acuado em cima de um Empire State Building da vida, tomando tiro da artilharia aérea, que só sossega quando te vê no chão, destruído. 

Sabe, olhando ao redor, com todos sempre ranzinzas, reclamando, guerreando por mixarias que achamos nos pertencer mais do que ao outro, a conclusão é lógica: somos/estamos feito Feras. Mas não como Gorilas imensos, lutando contra dinossauros furiosos, por conta de território, um naco de carne ou, bizarro que seja, uma loira charmosa. Sinceramente, acho que parecemos mais uma manada de Pinshers, minúsculos, assustados com a própria sombra, latindo um para o outro, ad infinitum, pra ver quem se assusta mais e foge primeiro.

E o que nos transformou nestes geradores de impropérios gratuitos? Neste rebanho de insolentes sem limites? Nessa manada de estressados inconsequentes? Onde é que está a nossa inteligência, cultura, capacidade evolutiva e outras coisas que nos tornam humanos? Soterradas sob a lama toxica de mineradoras inescrupulosas; enterradas em secretas valas comuns de tantos crimes sangrentos; espancadas em relacionamentos doentes; silenciadas em lares desmantelados; abandonadas em asilos mofados; esquecidas em baús empoeirados em meio a fotos da infância perdida. Realmente, acuados por tantas catástrofes, parece-me que foi inevitável chegarmos a esse ponto.

Tão deformados estamos, não notamos que somos os criadores das catástrofes, preferindo dar audiência às tragédias e assuntos vulgares, reflexos evidentes de nossa inconsequência e imaturidade. O IBOPE, o DataFolha e, agora, o Facebook, essa nova ferramenta demográfica, estão aí para não me deixar mentir.

Não é questão de nos transformarmos nos Ursinhos Carinhosos, mas é tempo de refletirmos sobre a nossa responsabilidade na informação e emoções que cultivamos, colhemos e distribuímos. Hoje, aquele mesmo diálogo que abre o texto me traz outras imagens. Ao derrotar a Fera, a Bela não a fere, mas a transforma, também, em beleza. E isso está longe de ser ruim, pois nos tornarmos belos e perfeitos é condição de humanidade, evoluir faz parte da nossa essência. Está na nossa história, nos arquétipos e nos mitos mais antigos : por mais monstruoso que seja, todo ser se rende à beleza.