domingo, 12 de dezembro de 2010

Uma Saia,Uma Bola e um Jogo de Xadrez.




Dias atrás fui aos Correios enviar uma carta. Lá chegando vi que a sala da gerência, ao lado dos guichês, estava tomada por cartas grudadas na parede que deixavam pouco do fundo original à vista. "Ah! São as cartas das crianças para o Papai Noel!", pensei. E como neste ano tanta coisa boa aconteceu comigo, seria ótimo poder retribuir ao universo tantos sorrisos que ele me trouxe e repassar esse bom sentimento de gratidão com o mundo pra outras pessoas, ainda mais sendo elas crianças e carentes.

Após remeter a correspondência, entrei na sala e comecei a ler aquelas cartas cheias de pedidos e sinceridade. Alguns preocupados com a saúde do Bom Velhinho que não aparecera no ano anterior, outra pedindo mais uma vez a cesta básica sempre pedida e nunca recebida... mas estavam todos lá: o material pra estudar no próximo ano, o brinquedo para brincar com os tantos irmãos, a roupa nova tão sonhada e até um telefone celular pra poder falar com o pai que está longe...

Passei quase uma hora perdido naquele emaranhado de desejos tão acessíveis pra mim, outros nem tanto, mas que para bolsos um pouco mais bem servidos do que o meu serão simples de realizar. Me limitei a três cartinhas que, por algum motivo invisível, me cativaram. Três lindos sorrisos.

Conversei com a Rosilene, gerente da agência e responsável pelas cartas, sobre esse projeto dos Correios e ela me disse que ele já tem 20 anos e começou como uma ação entre os funcionários da instituição, sensibilizados pelo mundaréu de cartas ao Papai Noel que chegavam todos os anos. Hoje, elas são recolhidas em escolas públicas, creches e abrigos que atendem crianças em situação de 'vulnerabilidade social', isso garante que o "padrinho" da carta tenha certeza de que está ajudando uma criança que realmente precisa ser ajudada.

Ao sair daquela sala com as minhas três cartinhas, levei todos aqueles outros desejos comigo, agora eles também são meus e é por eles que estou aqui. Já que não posso realizá-los todos, peço à você, Papai Noel de verdade, que não deixe uma cartinha sequer sem ser atendida. Até sexta-feira (quando fechei este texto), das 1480 cartas recebidas na agência de Umuarama, só 198 ainda não haviam sido atendidas. É um número tão pequeno para os 100% realizados que com sua ajuda facilmente realizaremos todos estes sorrisos.

Num tempo no qual é cada vez mais normal ver jovens depredando e desrespeitando a escola, a família e se alienando do mundo, acredito que ajudar uma criança a sonhar e acreditar que coisas boas podem, sim, acontecer no seu dia-a-dia, estaríamos encorajando sentimentos como a solidariedade, o altruísmo e a felicidade. Não haveria forma mais bonita de se melhorar o lugar onde vivemos.

Caso queira realizar sonhos neste natal, procure a Agência dos Correios mais próxima e adote uma cartinha. Em Umuarama temos até o dia 15 de Dezembro para entregar os presentes. A agência daqui fica na Rua Aricanduva, 4081. O telefone para informações é: (44) 3624-0859. Vamos mostrar para as pessoas cinzentas do mundo que Papai Noel existe sim!


...................................................................

Atualização do dia 17 de Dezembro de 2010.

Recebi este e-mail do Gerente Regional de Vendas dos Correios e gostaria de estender os agradecimentos a todos vocês que ajudaram. Ano que vem tem mais. Muito obrigado!

Prezado Tiago, bom dia.

Graças ao espírito de generosidade do povo umuaramense, todas as 1.500 cartinhas que o bom velhinho recebeu neste ano foram apadrinhadas nessa cidade. É claro que o seu artigo ajudou muito nesta empreitada, pois as pessoas de um modo geral querem participar, às vezes não sabem como.

Muito obrigado pela sua sensibilidade e um feliz Natal a você e a todas as pessoas queridas por você.

              Carlos Roberto Mariani
Gerente Regional de Vendas de Maringá

...................................................................

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

X-Polenta do Corinthiano.

Indo ou vindo de Curitiba pra Umuarama, na BR-277, km 336, no município de Irati você pode parar no melhor custo benefício do trecho entre Guarapuava e Curitiba - ou vice-versa : o Posto Corinthiano. Independente do brasão que carregas no peito (uma das atendentes é até Gremista!), ali você não terá que deixar um olho ou qualquer outro membro - seu ou da banda - pra comer legal.

E em meio aos quitutes do Restaurante Corinthiano você pode se surpreender com o X-Polenta.

Ulha!

Curtiu? Então faça assim: coloque hamburguer, queijo, presunto, bacon e cracóvia (não o país, uma espécie de salame ali da região polaca do Paraná) na chapa pra dar aquela aquecida. Junte alface e tomate (saúde, né?!) dentro de duas rodelas de polenta grelhada (fazendo as vezes do pão) e você vai ter esse lanche exótico. Não vou dizer que um desse já basta pra alimentar alguém com fome, mas dá pra se divertir com o sabor e a textura do lanche - e depois, possivelmente, com a azia que ele vai te dar.

No meu estômago de avestruz caiu legal, quem reclamou foi o Chapolla, que comeu uma versão vegetariana do lanche. Portanto, como não sabemos se é o hamburguer que balanceia a receita, leve um antiácido se for topar a brincadeira. Ou então, não coma só ele! Tem uns pedaços de bolo legais e baratos pra mandar  de sobremesa. E tudo pode ficar mais divertido se você juntar ao pacote o super refri Neon Franboesa!

Praticamente a curitibaníssima Cini Franboesa, só que mais... sei lá... "iluminada"!

Olha só que combo fantástico:

Pura delícia!


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Altamente Inflamável.

Viajar nos faz conhecer muitas coisas novas. Uma delas é essa aqui, encontrada em Bauru (SP), no QG do Enxame Coletivo: o Álcool Namorado.

"Namorado: Esse pega fogo!"


Não duvido que, assim como na minha, nascerá em sua mente uma infinidade de outros slogans alucinantes! Deixe-os aí nos comentários.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010



   Fazia lhe falta um coração que sangrasse. Um desses, ordinários, que se apaixona fácil e perdidamente; e que também sofresse, e muito, dolorosamente e que mesmo assim lhe criasse no rosto aquele sorriso bobo, constante, tão clichê de dar dó - mas seria, sem dúvida, o mais sincero riso de dor de amor do mundo! Um coração que se rasgasse de saudade e se recriasse belo, pulsante e vermelho assim que novamente envolto em carinho. Que despertasse em si todos os mais incômodos e abençoados sintomas de amor, e que lhe fizesse até chorar escondido, às vezes. Não importava o desconforto, não tê-lo lhe doía agudo na alma.
   Sentia-se, então, melhor.


Ps: Texto ilustrado por "Os Amantes", de René Magritte (óleo sobre tela, 1928).

terça-feira, 13 de julho de 2010

Nevilton lança 1º Clipe : O Norno

14 de Maio de 2010
Nós, durante a gravação de cenas pro clipe "O Morno", no Tribos (Mgá,PR)
Foto de Al Sasaki



E foi pro mundo o nosso primeiro clipe, e bem no Dia Mundial do Rock! Uma honra! Já está na MTV e, em breve, em vários outros canais e programas onde se assistem vídeoclipes. É da música "O Morno", que consta no nosso EP chamado "Pressuposto" (que você pode baixar aqui).

É um clipe singelo, sem nada de superprodução 3D ou computação gráfica inovadora. É um "Road Clip", feito através de imagens captadas durante a super divertida, caliente e inesquecível 2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste, junto com takes feitos no nosso querido Tribos Bar, em Maringá, onde nossos shows são sempre quentes, longos, imprevisíveis - delícia pura! Certamente não haveria como juntar tanta lembrança e sentimentos bons num material só.

Quem filmou e montou o clipe foi o nosso amigão velho de guerra Jão Gabriel Montero, baterista e cineasta de muito bom gosto, que conseguiu amplificar as boas vibrações, dando um ritmo legal para as imagens que ele captou enquanto viajava com a gente e a Mini Box Lunar pelo nordeste. Inclusive, os amigos Mini Boxes estão ali, imortalizados na nossa "coreografia-piada interna". Ótimo trabalho Jão!

Enfim, é isso, um clipe que mostra a gente fazendo o que mais fazemos nos ultimos meses: viajando, tocando e nos divertindo com nossos amigos. Eu, particularmente, fico emocionado quando vejo essas imagens e me lembro de tudo.

Aqui vai o vídeo.


* Você também pode vê-lo no nosso Blog MTV ; no MTV Music e na Rolling Stone BR .

* Leia o que o Rafa Zanatta escreveu sobre o show do dia 14 de Maio, no Tribos, em Maringá, quando gravamos as imagens pro clipe e tocamos com os nossos queridões da VI Geração da Família Palim do Norte da Turquia e com o Facas Voadoras.

Obrigado a todos que nos ajudaram a chegar até aqui.



quarta-feira, 7 de julho de 2010

Nevilton no Qualquer Coisa da Oi FM


Uma foto aqui. Em breve.

Enquanto estávamos em São Paulo, fomos visitar os amigos Zé Flávio Jr. e Paulo Terron, condutores do programa Qualquer Coisa, da Oi FM (São Paulo). Um ótimo programa, o qual acompanho desde que era um ótimo podcast.

Muito bate papo, algumas canções da banda e foi-se uma noite muito divertida. Você pode clicar AQUI e, visitando o With Lasers (Blog do Terron), assistir o que fizemos por lá.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Springfield

Hoje os céus de Umuarama estão estilo os de Springfield.
O clima deve ser parecido: vento friozinho, sol quentinho...
Vou pro Moe's!

Agora imagine o letreiro "Os Simpsons" voando em sua direção!

sábado, 8 de maio de 2010

2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste [Atualizações]

Nosso adorável varalzinho, pois tem horas que os panos têm que secar!

Apenas para informar vossas excelências que acrescentei algumas fotos aos posts da 2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste.

É só usar desse filtro AQUI e dar uma olhada.

Logo mais umas atualizações sobre o texto de Maceió. Me escapou uma história das boas.

Abraços.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste [Capítulo VII]

Salvador, Bahia.



Acordei por último e atrasado no dia 20 de Abril. Corri pro chuveiro, tomei um banho rápido, fechei as malas correndo e fui até a van, onde todos já estavam. Depois do café da manhã lá na Rua da Cultura, partimos rumando pra Salvador, capital da Bahia. E foi aí que percebi que havia esquecido a roupa que usei no show secando no varal...tsk tsk tsk, já estava economizando na roupa, imagina agora com um kit a menos!

Como a noite de sono foi curta, já que saímos de Aracaju bem cedinho, pesquei de montão, foram muitos peixes, baleias, dinossauros marinhos e outros seres aquáticos enquanto sentado na van. Mas mesmo assim pude ver uma mudança radical na paisagem.

Enquanto viajávamos para o sul, pela Zona da Mata Nordestina, através da estrada chamada Linha Verde, pude ver a aparição de planaltos ao longe, com seus patamares achatados no horizonte, a vegetação foi se esverdeando cada vez mais e tudo o que eu havia sintetizado até então sobre a paisagem nordestina mudou novamente. Juro que tentei achar o nome desse acidente geográfico, mas não achei. Quem souber, por favor, comente! Obrigado.

Uma coisa que não posso deixar de registrar é a dose de cachaça - leia-se meio copo americano pra cada sujeito animado - que tomei com o Sadí, provavelmente no município de Esplanada, já na Bahia, às margens do Rio Inhambupe, num botequinho que nem vento tinha por perto. Depois disso segui a viagem numa 'nice'!

Outro fato interessante da Linha Verde é que ela passa pela vila de pescadores chamada Mangue Seco, a mesma que inspirou Jorge Amado ao escrever o romance Tieta do Agreste. Mas não consegui ver a mitolgógica Mangue Seco, pois já estava completamente desmaiado de sono naquela altura do campeonato, ainda mais depois duma pinguinha, né Sadí?!

E fomos chegando a Salvador por perto das 16h e eu ansioso pra ver a tão famosa capital Baiana. Primeiro fomos recepcionados pela Cassia, em sua casa numa cidade da região metropolitana de Salvador, chamada Lauro de Freitas. A casa muito grande e aconchegante. Muitas árvores no quintal, uma piscina e isso tudo proporcionando um clima mais fresco do que estava na rua, mesmo estando o dia um tanto nublado.

Cuidamos dos afazeres da internet, jantamos (hummm tinha um pirão que tava uma delícia!), tomamos um drink de limão saborosíssimo - mesmo estando mais pra raspadinha do que pra drink - e nos arrumarmos para o show. Partimos para o centro de Salvador, onde tocaríamos no Bar Boomerangue, muito bem localizado, na Rua da Paciência, bairro Rio Vermelho, à beira mar. O Rio Vermelho é cheio de histórias interessantes, além de ser onde acontece a maior festa de Yemanjá de Salvador (foi o que me disse a segurança do bar, quando perguntei sobre o bairro). Confirmei a história aqui. Sem contar que ha uns dois quarteirões do bar existe uma feira cheia de comidinhas, numa praça, que vale a visita.

Antes de nos deixar no Boomerangue, fomos levados até o Forte Santo Antônio da Barra, onde está o famoso Farol da Barra, que fica na entrada da também muy falada "Baía de Todos os Santos". Foi tão rápido que só deu tempo de tirar umas 3 fotos e correr de volta pro bar. Além do que estava de noite, não possibilitando uma visão das águas da baía ou do resto da paisagem. Quase que o cara do Berimbau que foi lá azucrinar, sem ser chamado ou encorajado, não ganha um dinheiro. Mas ganhou e... saiu reclamando! Onde já se viu, né Brasil?!

Chegamos no Boomerangue, casa bonita e bem feitinha, com 3 ambientes, um em cada andar do prédio: Uma sacadinha pra fumante no térreo, um andar para o DJ e outro andar para bandas). Passamos o som, montamos o palco e a festa já estava começando. E a surpresa feliz da noite foi reencontrar o Anderson Faller, a Carol e o Felipe, todos Umuaramenses queridos que moram lá em Salvador. É revigorante encontrar os amigos pelo Brasil!

Você me Excita - banda de Salvador - subiu ao palco, tocou algumas canções próprias e outras do estilo Block Party e The Killers. O Mini Box, como segunda banda da noite, fez um show que não vou me esquecer. Cheguei a pensar: "Mano! Essa noite é deles, tão pegando fogo!". Rolou uma química com o público que fiquei impressionado. Foi bonito de ver.

Finalmente subimos ao palco e mandamos brasa! Ser a última banda da noite tem seus prós e contras. É bom porque se pode esticar o repertório e aumentar os solos e improvisos, mas é ruim porque ou você segura no alcoólico ou sobe no palco mais alcoolizado do que deveria. Ainda bem que não tivemos problemas graves quanto a isso, o show fluiu muito bem e foi porreta (com meus deslizes vocálicos e tudo), mas foi porreta! Terminamos, como já era regra, exaustos e desidratados.

Depois de despedir dos amigos recém feitos e dos antigos, que por lá estavam sorridentes e satisfeitos (palavra deles mesmos), guardamos os equipamentos e partimos pra dormir na casa da Cassia, afinal, como sempre, sairíamos de viagem antes do almoço.

Passamos por 5 cidades com praia pela Turnê, Salvador foi a última, as só conseguimos pular as ondas em duas delas: João Pessoa e Maceió, tá aí algo a se otimizar na próxima viagem. Feira de Santana, a próxima cidade já estava pro interior da Bahia.

Durante a volta pra Lauro de Freitas fui observando a cidade e pensando o quão bonito seria aquilo tudo durante o dia. Também tentei abstrair o quão gostoso deve ser o Acarajé da Dinha, que fica ali pertinho do Boomerangue, sacanagem eu não estar com fome quando passei à pé na frente do lugar, enquanto procurar um cartão telefônico com o Chapolla.

No fim das contas, sempre sobra motivos pra gente voltar outras várias vezes pra esses lugares legais. Então, até a próxima Salvador!

Aproveitem e assistam AQUI o vídeo lindão sobre Salvador que o Marco fez pra gente!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste [Capítulo VI]

Aracaju, Sergipe.


Acordei às 8 da manhã do dia 19 de Abril, lá no Albergue Plano B, de Maceió, após uma noite de frio intenso do ar condicionado. Tudo culpa do Chapolla que alterou a temperatura para 17º, no meio da madrugada, e não avisou ninguém! Traiçoeiro, heim, Chapolla!

Pulei da cama. Misto quente, café e bate-papos animados, assim como todos nós estávamos pra mais um novo dia. E, dessa vez, bem descansados. Menos o Sadí, que ao invés de dormir, caiu na balada Maceioense e começou o dia tomando um café da manhã nordestino, com Buchada de bode, rabada, macaxera e tudo mais e, mesmo sem dormir, não negou um misto quente.

Saímos de Maceió por volta das 10 da manhã, rumando pra Aracaju, capital do Sergipe. A viagem foi bem tranquila e quente, como estavam sendo todas ali pela região. O ar condicionado da Mouratur não vencia de 'jeito maneira'. O relevo e a vegetação foram se alterando aos poucos conforme descíamos pelo nordeste, sobrando mais espaços para planícies e uma vegetação esparsa, semelhante à do cerrado, mas com tonalidades de verde mais presentes e às vezes uma aglomeração maior de árvores umas mais próximas umas das outras.

Foi fato emocionante cruzar o Rio São Francisco (o da integração nacional) pela primeira vez na minha vida, mesmo estando ele com o nível d'água um tanto baixo. O rio é um mito, possui muitas histórias e lendas, além de ser um dos maiores e mais importantes rios do Brasil e, sem dúvida alguma, é bonito de se olhar.

Chegando em Aracaju fomos direto almoçar. O restaurante, um self-service, ficava no calçadão do centro da cidade. A dona do restaurante deu uma regulada na comida - os pratos eram feitos pelas garçonetes e não tínhamos direito a um repeteco - e a comida que sobrou nas bandejas foi retirada e jogada fora logo em seguida. Nenhum problema com o tamanho da porção, que satisfez legal, mas achei fora de propósito regular uma comida que ia ser jogada fora.

Também demos uma passada na Rádio Aperipê de Aracaju (104,9 FM). Estranho foi saber que abriram uma exceção pra gente, pois não se pode entrar de bermuda no prédio. Ainda bem que foram flexíveis, senão só o Sadí, baixista do Mini Box Lunar iria dar a entrevista. Mas, afinal, que diabo de regra é essa? Vamos parar de mania boba, gente! Mesmo assim a entrevista foi muito legal e o Ricardo (o DJ entrevistador) fez uma ótima entrevista, muito pertinente.


Todo mundo de canela de fora!

Eu, Pepeu, Alexandre, Nevilton, JJ, Ricardo (da rádio), Saddy e Chapolla.

Ficamos numa casa legal, no bairro chamado Coroa do Meio. Não sei se tem graça pra muita gente, mas achei ótimo que a casa ao lado de onde estávamos era a de número 1234. Alguns cochilos e banhos depois já estavamos novamente dentro da van, indo para uma praça, em frente ao prédio histórico do Mercado. Tocaríamos no projeto Rua da Cultura, organizado pela Prefeitura, em conjunto com o coletivo Virote.

Chegamos lá a tempo de ver o finalzinho da Anéis de Vento, que me agradou os ouvidos. "The Baggios" subiu ao palco, um Power Duo de "guitarra-bateria" dum som muito legal, que me espantou e empolgou pela qualidade e energia.

O evento especialíssimo de Aracaju foi poder reencontrar os pais do Nevilton, que aproveitando nossa passagem pela cidade, foram até lá e mataram dois coelhos com uma cajadada só: Encontraram conosco e com a Ana Paula Alencar, irmã do Nevilton que, junto com as outras garotas da Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica (Conjunto Adulto), treina e mora ali em Aracaju. Foi um reencontro muito feliz, sem contar que as garotas da Seleção de GR são todas muito simpáticas, o que nos deixou sentindo em casa e bem animados pro nosso show mais tarde.

Depois das duas bandas locais, veio o show do Mini Box Lunar, que pegou o público pela mão e levou pra bailar. Praticamente todo mundo dançou ali, inclusive eu, a Mayara, o Chapolla e os mendigos bêbados que estava 'en passant' por alí e já ficaram pra curtir um rock e dançar até cair, literalmente.

Falando em cair, nós não podíamos deixar a peteca cair depois do show do Mini Box Lunar, então envocamos nossos poderes ninja e fizemos um show bastante intenso, opotunidade em que descobri a aspereza do chão do palco, ralando o meu joelho numa dessas 'ajoelhadas roqueiras', durante "Me Espere Menino Lobo". Sem contar que a participação do Otto, nos teclados, durante os improvisos de Paz e Amores está cada vez melhor!

Com o que nos sobrou do corpo e das energias, desmontamos as coisas todas e nos despedimos da família, amigos e fomos pra van. Nem sei mais que horas eram, estava exausto e animado ao mesmo tempo, um conflito de gigantes. Ainda bem que tinha uma jantinha pós-show: strogonoff de frango e lasagna, lá na Casa Rua da Cultura (um centro cultural de Aracaju), que caiu tão bem que foi impossível não correr pra van e ir dormir, coisa que o Jão e o Chapolla já estavam fazendo, vítimas do mesmo imbatível gigante Cansaço. Nem vi a reunião com o coletivo da cidade, o Virote, da qual participaram todos os outros da turma. Só me movi quando o todos voltaram pra van e demandaram seus lugares de direito.


Eu, dormindão na Rua da Cultura, antes de ir pra van.

Finalmente era hora de dormir de verdade, Salvador, na Bahia, estava nos esperando e o dia ia começar bem cedo. Não consegui fazer mais nada ao chegar no alojamento, exceto cair na cama e apag



Veja o vídeo oficial deste dia AQUI!

domingo, 25 de abril de 2010

2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste [Capítulo V]

Maceió, Alagoas.


Eram 8 da manhã e o interfone soa no quarto 204 do Hotel Cult, em Recife. Eu estava lá. Atendi e era o Seu Moura chamando para fechar as malas e embarcar para Maceió. Pulei da cama, acordei o Nevilton e rapidinho estava tomando café da manhã. Mesmo assim, só saímos de Recife pouco depois das 10h.

O relógio biológico já estava completamente afetado pela inconstância das horas de sono, então consegui ver muito pouco da paisagem durante a viagem, revezei o meu tempo entre dormir e escrever meu diário de viagem, incrivelmente atrasado. Inclusive, durante a viagem passamos há alguns quilômetros da cidade de União dos Palmares, onde há muito tempo atrás Zumbi, um escravo fugitivo, instalou o quilombo de Palmares, movimento importante para a história nacional.

Chegamos em Maceió as 15h e fomos até o Posto 07, onde encontramos o pessoal do Coletivo PopFuzz, que nos levaram imediatamente para comer um galeto, com feijão de corda num bar/restaurante que não me lembro o nome. Só sei que no estabelecimento ao lado estava tocando Roberto Villar (como me disse o Alexandre do Mini Box Lunar), o superstar do Brega lá na região norte. Depois do Villar, rolou um "The Best of Sergio Reis", o que me lembrou os dias que passava na casa dos meus avós, em Bandeirantes, norte pioneiro do Paraná, onde a trilha sonora dos almoços em família, ou o do dia todo, eram as belas e antigas modas sertanejas.

Hora do Galeto!


E o Jão documentando tudo!

O almoço foi tão bom que nem dava vontade de sair de lá. Mas tínhamos hora pra começar o show e ela estava próxima. Em menos de duas horas o Mini Box Lunar entrava no palco para começar o show, uma apresentação delicia, ao por do Sol em Maceió, à beira-mar.

Quando subimos no palco com Nevilton, o público já estava um pouco maior e o sol já tinha ido embora. Mas mesmo assim fizemos uma apresentação comovente que agradou aquele público, formado por mais, mães, filhos, avós, jovens, vendedores e tudo quanto é tipo de gente! Nesse show foi a primeira vez que o Otto Ramos, tecladista do Mini Box Lunar, fez uma jam com a gente. A coisa foi tão bonita que foi o lugar onde mais vendemos EP's em menos tempo. Parabéns pra Prefeitura de Maceió pelo projeto que acontece de 15 em 15 dias, é gratuito e incentiva o pessoal a utilizar o espaço público. E parabéns ao pessoal do PopFuzz, pela articulação e produção do evento.

É claro que não resiti, com o mar tão próximo, corri para um mergulho noturno... literalmente um mergulho, pois o mar estava tão bravo que, a cada vez que eu tentava entrar, ele me jogava pra fora. Desisti e fui pra van, onde todos estavam esperando para ir até nosso local de pouso.

Assim que chegamos no Hostel Plano B, nos sentimos em casa. Um lugar espaçoso, limpinho e com o pessoal do atendimento muito simpáticos. Completamente cheio de areia (ou seriam pedras, pois nunca vi areia tão graúda quanto a de Maceió), fui prum banho pelado, digo, gelado... e nos preparamos para irmos jantar e fazer uma reunião geral com a turma do Fora do Eixo presente na cidade.


Galera do PopFuzz, coletivo Fora do Eixo de Maceió, Mini Box Lunar e Nevilton (e o Leo Padilha lá em Sampa, falando comigo pelo celular), no encerramento da Reuinião FDE.

Depois da janta numa creperia, com crepes muito gostosos e atendimento exemplar, nos instalamos ao lado de uma supermercado 24h e fizemos a reunião entre os Coletivos Fora do Eixo Presentes, onde trocamos experiências e sugestões para otimizar o sistema.

Voltamos pro Albergue e relaxamos um pouco, rimos muito e já tarde da noite, perto das 3 da manhã, fui dormir. Ainda bem que tinha ar condicionado, pois o calor não dava trégua nem de noite. O dia seguinte, como todos os outros, começaria pela manhã bem cedo.

Clique aqui e veja o vídeo do dia!

sábado, 24 de abril de 2010

2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste [Capítulo IV]

Recife, Pernambuco : Abril Pro Rock



O sol do dia 17 de abril, um sábado, já estava nascendo quando deixamos João Pessoa (e isso sempre me dói no coração), pregados do show da noite. A única opção era fazer o milagre de dormir na van, que dessa vez aconteceu fácil. Apaguei.

Fora uns breves relances da já conhecida estrada entre João Pessoa e Recife, me lembro apenas de estar chegando no Centro de Convenções do Recife, local onde seria realizado o Festival Abril Pro Rock 2010, perto das 10 da manhã. Nos disseram que a passagem de som estava atrasada, então aproveitamos a brecha para ir até o hotel filar um café da manhã, fazer o check in e aguardar ordens para o novo horário de passagem de som. A cama da vez foi no confortável quarto com ar condicionado do Hotel "Cult!". Nome supimpa, né? Também liberamos o Seu Moura, nosso admirável motorista bilíngue, que já cruzou o USA, de New Jersey até Los Angeles de caminhão, prum dia de folga, já que o traslado "Hotel-Abril Pro Rock" seria feito por vans da produção do evento.

O Abril Pro Rock é um dos maiores festivais de música do Brasil, e já foi o palco onde foram descobertos Los Hermanos, Mundo Livre S/A, Chico Science e Nação Zumbi... além de atrações internacionais como o Motorhead ou o Heavy Trash. E isso é só o que eu tenho na minha péssima memória.

Mas não deu 20 minutos de soneca que já nos ligaram para passar o som. Corremos pro Centro de Eventos e... por motivos de tempo (ausência dele) não passamos nada. Mas isso não trariam problemas, somos um trio e a coisa é fácil de regular quando se tem uma boa equipe no som (ainda bem!). Chegamos no hotel já eram quase meio dia e o almoço estava pra acontecer. Bom, antes de dormir até as 18h, bom filar uma bóia do hotel! Aguardamos.

Quando olho pra porta do hotel, vejo o Malab, a Fernanda, o John, o Ricardo, o Gaguinho, o Carlos... era o Pato Fu e sua equipe (o Xande chegaria perto da hora do show deles, mais à noite). Que alegria foi reencontrar esse pessoal, talvez a banda que mais encontrei durante minhas viagens. E eles nunca se esquecem de Umuarama e os dias festivos que passaram por lá, ciceroneados por uma antiga banda que eu participava: a Hypnoise.

O almoço atrasou pra sair e só conseguimos comer perto da uma da tarde. Feijoada, mermão! Eu, o Jão e o Chapolla, únicos que toparam a briga (o Ton preferiu dormir e voltar perto do fim do almoço) já estávamos retardados, falando bobagem e quase quebrando as coisas do restaurante do hotel. Coisa fina! E a feijoada caiu muito tem - como não podia deixar de ser - deixando com a gente apenas a opção de desmontar na cama, o que foi feito sem esforço algum.

Do jeito que deitei, acordei. Já eram 18h. Rumamos par o Centro de Convenções. Nossos compadres do Mini Box Lunar iriam tocar as 19h, mas não conseguimos chegar à tempo de vê-los. Mesmo tendo o cronograma atrasado uma hora, ao chegarmos no festival, eles haviam acabado de tocar. Uma pena, uma pena das grandes; das de avestruz, ou melhor, das de rabo de pavão gigante.


Mini Box Lunar no Palco. Chêi di Luz!

Mas foi feliz ver uma das portas do backstage sinalizada com "Camarim Nevilton" e poder encontrar umas frutas e quitutes dentro da salinha. Um bom lugar pra dar aquela aquecida na musculatura e tomar um café - fraco, mas válido - afinal, nosso show estava prestes a começar.

Entramos no palco pontualmente as 21h e já havia um público considerável para nos assistir. Muitos amigos feitos durante a passagem anterior por Recife, onde tocamos no Quintal do Lima, estavam lá. A equipe de palco trabalhou bem no auxílio e passagem de som, foi bem fácil de ajeitar o palco. Também tivemos uma ajuda muito bem vinda do Otto (tecladista do Mini Box Lunar), que ficou de apoio no palco e do Iuri Freiberger, que agora mora em Recife, e cuidou do som das P.A's. Me falaram que o som ficou muito bom lá na frente Iuri, obrigado!

É nóis do Abril Pro Rock 2010!

Nossa desenvoltura no show foi bem bonita. No palco, estávamos bem sintonizados e o público percebeu, sintonizou-se com a gente e o que eu vi foram vários sorrisos e gente dançando e cantando com conosco. E o mais legal é que o Jão estava lá com a gente, filmando tudo. Obrigado aos amigos de Recife, de Maceió, de João Pessoa e demais que estavam lá e ajudaram a esquentar o gargarejo alí da platéia.


Ton, Chapolla, Jão Monteiro e Eu. Timão responsa!

Terminamos o show encharcados de suor, mas o camarim, que era rotativo, já não estava mais disponível pra gente. Se eu pudesse sugerir à produção, eu preferiria ficar com o camarim depois do show, afinal é muito mais vantajoso poder trocar a roupa molhada de suor com certa privacidade do que comer um quitute antes de subir ao palco. Na verdade, o melhor mesmo é poder fazer os dois, enfim...

Depois de acompanhar vários shows, dentre eles o do Wado (muito legal), trombamos novamente o Pato Fu no backstage do festival. Aí passamos um tempo no camarim com eles, colocamos as conversas em dia e já entregamos pra eles o nosso EP, o Pressuposto. Acho que eles são as pessoas que mais tem cópias dos trabalhos que participei, desde gravações da Hypnoise, passando pela Superlego e chegando na Nevilton, já os presenteei com cópias de todos. No Backstage também encontramos o Zeca Viana, baterista da Volver, que estava entregando algumas cópias do seu novo trabalho solo.

O pessoal do Mini Box Lunar, que ainda não tinha dormido direito durante o dia, acabou voltando pro hotel mais cedo, em parcelas, mas eu, o Ton, o Chapolla e o Jão, ficamos até o final, pra ver a apresentação do Pato Fu. Eles entraram em cena já era umas 2 da manhã e fizeram um show como sempre é : pra cima, agradável e com o público interagindo completamente com o palco. Quem resiste?

Voltamos para o Hotel na última van da madrugada, às quatro e lá vai cacetada da matina, acompanhados do pessoal da Vendo 147 e das garotas da produção do festival (muito atenciosas, inclusive!). Enquanto usava a internet no hall de entrada do hotel, pude me despedir da "Equipe Pato", ficando combinado um encontro em Belo Horizonte, cidade onde nossa Tour vai terminar oficialmente, num show da Conexão Vivo, dia 25 de Abril.

As cinco da manhã achei melhor me enfiar nos lençóis aconchegantes do hotel Cult, pois iríamos sair para Maceió as 9 da manhã. Lá, o show seria às 18h, à beira mar, no Posto 07. O dia prometia.

Vejam o vídeo do dia aqui ! :D

quinta-feira, 22 de abril de 2010

2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste [Capítulo III]

João Pessoa, Paraíba.



No dia 16 de Abril, a estrada nos levou novamente para o litoral, e o calor também nos acompanhou até João Pessoa, a capital da Paraíba.

Chegamos no Espaço Mundo, sede do Mundo Coletivo, na nossa já conhecida Praça Anthenor Navarro - onde tocamos no dia 27 de Fevereiro deste ano, no Grito Rock (ver aqui e aqui). Lugar muito bonito e cheio prazeres visuais pra quem gosta de construções antigas. É o centro histórico da cidade e, considerando que ela foi fundada em 1585, tem muita história pra se ver e sentir.

Praça Anthenor Navarro, João Pessoa (PB)

Apesar do cansaço, estávamos todos felizes, pois iríamos ter tempo de pegar uma praia naquelas águas mornas, quase frias que fazem o mar um evento convidativo durante o dia ou à noite. Mas foi uma ilusão. Depois de andar uns bons quarteirões com o Chapolla atrás duma Farmácia, passei duas horas em filas de banco com o Nevilton, para agilizarmos alguns tramites da turnê. Ainda bem que tínhamos do nosso lado a bela e destemida Carol, membro daquele coletivo, que correu atrás de uma outra parte dos trâmites e, mesmo assim, tudo se resolveu já eram quase 5 da tarde, horário de se despedir do sol, correr pro alojamento, tomar um banho rápido e voltar pro Espaço Mundo pra montar o equipamento.

Ficamos hospedados no Teatro Ednaldo Egypto, onde tinha um ar condicionado potente e instalações prum descanso. Mas preferi ignorar o cansaço e acompanhar alguns dos companheiros de Turnê até a praia, gostosa mesmo à noite... deliciosa mesmo. Lavamos a alma, corremos pra nos aprontar e já voltamos até o Espaço Mundo, lá no centro histórico.

Já de volta na Praça Anthenor Navarro, fiquei observando a movimentação. Centenas de pessoas ocupando e interagindo com lugar e entre si. Usando o espaço público livremente para sua diversão. Diferente foi só um bando de motoqueiros barulhentos que passou gritando e levantando poeira por uns 5 minutos, desaparecendo da mesma forma como chegaram, num piscar de olhos.

Depois de algumas horas me divertindo com o movimento, o cansaço bateu forte, então saí em busca de um drink tradicional alí em Jampa, o Africaxé. Uma bebida a base de cachaça e ervas (muitas ervas, uma mistureira de ingredientes que nem a moça que vende quis me falar pra não assustar! Imagina!). Mandei ver. Disse a Mayara que o Africaxé é conhecido no Recife como Axé, simplesmente, e o pessoal do Umbanda usa em suas cerimônias. Mas eu já tinha tomado dois quando ela me falou isso. Fiquei cheio de energia depois, cheio de Axé no corpo! Aêta!

O Sadi, baixista do Mini Box Lunar também entrou no Axé e a coisa funcionou tão bem que acabamos inventando o "Jaspion Fleistival", um festival oriental de improvisações roqueiras e de carnes.

Depois de muitas emoções na onda do Axé, o show do Nublado (banda local) começou um pouco atrasado, mas o amplificador de guitarra queimou logo nas primeiras músicas. Após a troca, a banda equivocadamente (acho eu) recomeçou o show, novamente da primeira música, o que fez tudo atrasar mais um pouquinho. Sem crise, pois os próximos eramos nós.

Não sei, mas o show não foi lá muito bom, apesar da euforia do público e da gente, a banda não se encontrou no palco por vários fatores que nem eu sei explicar, provavelmente potencializados pelo cansaço extremo daquele dia. Mas deu certo, conseguimos comover a audiência e pular muito junto com nossos amigos, inclusive o André, que tava até vestindo uma camiseta da nossa banda!

Acompanhei a apresentação do Mini Box Lunar, que fechou a noite, da janela do Espaço Mundo, saboreando um delicioso caldo de garoupa, comprado numa barraquinha do outro lado da rua, que me queimou a língua.

E foi assim que, feliz e de língua queimada, me juntei aos amigos de turnê e equipamentos para ir tomar um banho e já emendar pra estrada. Precisávamos chegar em Recife as 10 da manhã para passar o som no Abril Pro Rock, nossa próxima fase da 2ª Turnê Fora do Eixo : Nordeste e, talvez a mais importante.


Mini Box Lunar (AP) e o Marquin (Amerê/SP, de regata verde) na casa do Gabriel, em Recife (PE)


Aproveite e veja o vídeo desse Capítulo aqui !

terça-feira, 20 de abril de 2010

2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste [Capítulo II]



Campina Grande, Paraíba.

Acordamos em Recife, 11 da manhã do dia 15 de Abril. Cuscuz e café, coisa rápida pra começar o dia (sim, o Cuscuz tava bom, Mayara!). Corremos pra casa do Gabriel e da Laurinha, ambos do Coletivo Lumo, pra almoçar, encontrar o Mini Box Lunar e cair na estrada. Fomos de carro, num "aperto acrobático"até lá.

Chegamos já perto da hora de uma reuniãozinha para nos lembrar de detalhes da viagem e, logo depois, um almoço delícia. E foi assim que, após carregarmos nossas toneladas de equipamentos na Van, iniciamos a 2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste. Acompanhando a gente na Van, ainda temos a Mayara, do Lumo Coletivo, coordenadora da Tour e o Marquinho, do Amerê Coletivo, parceiro do nosso compadre Jão Monteiro, na documentação audio-visual da viagem. Eram 3:30 da tarde quando partimos de Recife.


Mapa da Rota Recife - Campina Grande

Rumamos para o interior da Paraíba, saindo de Pernambuco. Quanto mais par ao interior, mais a paisagem me impressionava. Nunca imaginei ver tantos morros altos e, ao mesmo tempo íngremes, como se fossem metades de bolas de futebol cobertas por um mar de cana de açúcar. Na hora me lembrei que uma boa parte do clico da cana de açúcar, da época da colonização do Brasil, deve ter acontecido por aqui. Essas fazendas de cana, ou, pelo menos esses campos devem ter visto muita história e, é ótimo poder dar uma passada nessas paragens. Só sei que não queria ser um escravo fugindo do Capitão do Mato por esse sobe e desce de morro que vai por quilômetros e quilômetros, até pra lá do horizonte.


Marco (ao fundo), Eu e o Alexandre (à frente) - Eita, que feliz é viajar!

Encobertos por um por do sol lindo, chegamos em Campina Grande quando já era noite (espantoso como anoitece rápido aqui 6:30 da tarde já tá escuro total!) e nos instalamos na casa do Coletivo Na Tora, muito empolgados e cuidadosos com o evento. Depois duma janta e um chuveiro providencialmente frio, fomos ao Bronx pra montar o "circo".


Por do Sol a caminho de Campina Grande.


Lindão, né?

O Bronx fica num bairro antigo de Campina Grande, muitos o disseram perigoso também. Mas rimos muito com uma parede nonsense onde se lia: "Ferro de Engomar Gostoso Toda Hora", ou uma outra onde se lia: "Isso lembra o nome de um carro" e só. Depois descobrimos que Ferro de Engomar é o nome do bar onde o Café Aurora, que é "gostoso toda hora" coloca seus anúncios. O "nome de um carro" continuou um mistério...


Saddy e Eu : Afinal, quem não gosta dum ferro de engomar!?

Hijack é o nome da banda local que abriu a noite tocando - como disseram pela internet - um "pos-grunge", o que eu definiria como uma mistura de grunge com metal, algo bem dosado. Depois entraram o Mini Box Lunar e pra fechar a noite, Nevilton. Fizemos um show com muita energia, a ponto do Chapolla, no final, dar um "mosh"na galera e machucar a mão. Logo no primeiro show o batera machucar a mão é uma sacanagem, mas nada que gelo e pomadas não resolvam.

No aconchegante Bronx Bar, em Campina Grande (BA).


Péummm!


Mostrando o novo escudo do Ramirez (meu baixo).
Design por mim mesmo.

Terminamos a noite com um Cheese Burguer, digo, vários Chesse Burgers ao som do Hudson Cardorini (do Edson e Hudson) na TV. Bizarro, ainda bem que tava no mudo.

Capotei no colchão as 4 da manhã, mas sem dó, nem piedade, partimos pra próxima cidade às 10 da manhã. Com treze pessoas na Van e um Chapolla maneta e com o olho irritado embarcamos para João Pessoa.

Vejam o post com o primeiro vídeo da Tour!
E já vejam o segundo vídeo também!

E tem as fotos lá de Campina Grande aqui!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste [Prólogo]


Nevilton e Mini Box Lunar estão na estrada com a 2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste e passarão 11 dias e 10 apresentações levando suas músicas e boas energias para as seguintes cidades:

15.abril.2010
Campina Grande, PB
Bronx Bar,
Organização : Coletivo Natora

16.abril.2010
João Pessoa, PB
Espaço Mundo
Organização : Coletivo Mundo
Banda Local: Nublado

17.abril.2010
Festival Abril Pro Rock 2010
Recife, PE
AbAstronave Produções

18.abril.2010
Maceió, AL
Posto 7 - Praia de Jatiúca (Evento Gratuito)
Organização : Coletivo Popfuzz

19.abril.2010
Aracaju, SE
Rua da Cultura,
Rede Música Sergipe (evento gratuito)

20.abril.2010
Salvador, BA
Boomerangue Bar
Organizção : Coletivo Quina Cultural
Banda local: Você Me Excita

21.abril.2010
Feira de Santana, BA
BoTequin Tematic Bar
Organização : Feira Coletivo Cultural
Banda Local: Clube de Patifes

23.abril.2010
Vitória da Conquista, BA
Teatro Carlos Jehovah
Organizaçõo : Coletivo Suíça Baiana
Banda Local: Os Barcos

24.abril.2010
Montes Claros, MG
Casa Fora do Eixo Montes Claros
Organização : Coletivo Retomada

25.abril.2010
Belo Horizonte, MG
Conexão Vivo
Parque Municipal, (Evento Gratuito)


Agora sente o drama vendo mapa:



Pois é, são 2.536Km entre Van, hotel, casa dos amigos (hospedagem solidária), palcos e o que mais se rogar a aparecer na frente. E esse será o meu diário (às vezes nem tanto em dia), desse empreendimento "fora do eixo, mas dentro da realidade". Fiquem com a gente!


Capitulo I
A Preparação:


O dia 14 de Abril começou com a arrumação das malas. Depois de alguns dias de trabalho em São Paulo, estava na hora de encontrar com o pessoal do Mini Box Lunar, em Recife, pra começar a 2ª Tour Fora do Eixo : Nordeste. Mas não seria a primeira vez que encontrava com essa galera de Macapá (AP). Em outubro de 2009, tivemos um encontro rápido em Cuiabá, no festival Calango. Rápido demais.

Poderia até dizer que essa turnê Fora do Eixo já havia começado, há uns dias atrás. Na segunda feira, 12 de Abril, dividimos pela primeira vez um palco e uma Van com o Mini Box Lunar, prum Show em Bragança Paulista (SP), no Taberna Dharma Rock Bar. Ali em Bragança, também conhecia como a Terra da Lingüiça (sim, vou usar trema pra sempre!), reencontramos os camaradas da banda Leptospirose (Quique Bronw, Serginho e Velhote) - também amigos de estrada, pois fizeram a Tour Grito Rock 2010, em Fevereiro, pelo interior de São Paulo, da qual tenho muitas boas lembranças.

Mas estava eu lá, em São Paulo, numa quarta feira, 14 de Abril de 2010, no meio da tarde, após comprar um antigripal - pra segurar um resfriado que já me atazanava há dias - e voltar da Galeria do Rock, onde fui buscar as novas camisetas da banda que tinham acabado de ficar prontas. As camisetas orgulhosamente se juntarão aos nossos EP's Pressuposto, em versão física (também recém recebidos pelo correio), e formarão o nosso merchandise pra turnê. No caminho da volta encontrei o Nevilton e o Chapolla que estavam voltando de suas respectivas missões "bandísticas", devidamente acompanhados pelo Jão Monteiro, nosso irmãozão cineasta "pé vermêio" que aceitou viajar com a gente e documentar tudo em fotos e vídeo.

Percebemos que não chegaríamos à Campinas à tempo de pegar o avião pra Recife às 7:30 da noite, se fossemos de Ônibus como planejamos. Mas a Dani, do Coletivo Amere não titubeou ao aceitar a função de nos levar pra Campinas de carro. Esse pessoal do Amerê... sempre nos quebrando altos galhos. Muito obrigado!

E fomos nós à Campinas, com um por do sol bonito e muito trânsito. Chegamos a tempo de pegar o sistema da Gol fora do ar e fazer o check in manual, com uma delícia de fila e atraso no vôo.

Assim passamos o dia 14 de Abril voando entre Campinas-Brasilia-Recife, onde chegamos à 12:40 da manhã. Em Brasília corri pelos corredores do embarque/desembarque do Aeroporto J.K. para dar um abraço no Netão, um grande amigo e irmão no rock, durante os poucos minutos que ficamos em solo no Distrito Federal.

Ao chegarmos em Recife e já sentimos o recepção calorosa do Nordeste, o suor já escorreu rápido pelo meu rosto. Mas logo já encontramos o Gabriel, do Lumo Coletivo, de Recife, que após a chegada do Marquinhos (do Amerê Coletivo/Clube de Cinema, de São Paulo), nos levou todos para onde iriamos dormir: a casa da Mayara e da Yasmim. Misto-Quente, refrigerante e bate-papo. Colchão, ventilador e sono.

[Continua...]

Ps: Saiba mais sobre o Circuito Fora do Eixo!

sábado, 3 de abril de 2010

Pelo Hábito da Leitura


Tião gostava muito de ler jornal, tinha a ponta dos dedos pretos de folhear, diariamente, todos cadernos de todos os jornais da cidade. Não perdia uma só palavra. “O Tião é um sabidão”, dizia o pessoal lá da feira onde ele trabalhava vendendo frutas. E era mesmo, falava de qualquer assunto com a desenvoltura dum especialista. Mas não tinha dia que não ouvisse várias vezes o chefe da banca gritando: “Ô, Tião! Embala logo essa banana que o cliente tá com pressa!”
Tá bom, foi mal! – respondia enquanto devolvia a banana embalada. Mas em pensamento profetizava: “Deixa estar… deixa estar, quando eu tiver dinheiro, só vou ler jornal do dia!”

quinta-feira, 11 de março de 2010

Espanando as Teias de Aranha.

Pra que os mecanismos do Blog se mantenham saudáveis, vou aqui com mais um dos contos que publiquei no Culturanja de 28 de Fevereiro. Teremos vários.

....

E estamos nós, outra vez, num dos períodos que eu mais gosto do ano: a Quaresma. Só seria melhor se ao invés do calorão do verão, esses quarenta dias se passassem no inverno, sem toda essa transpiração desnecessária.

É durante estes quarenta dias que, enquanto os santos, os anjos e todo mundo lá das altas rodas está ocupado em penitência, meditando e refletindo, os espíritos matreiros saem pra atazanar as simples pessoas e acabam gerando aquelas ótimas histórias de assombrações. É o tempo do Saci-Pererê, do Lobisomem, da Mula-sem-cabeça e do Curupira. É quando as bruxas saem pelas cidades escolhendo seus alvos, os demônios ficam a cochichar nas nossas orelhas e nos colocando em enrascadas, isso quando não aparecem na nossa frente, loucos para negociar alguma coisa em troca da nossa alma.
Halloween que nada! Onde já se viu trocar 40 dias de pura festança sobrenatural por uma noitezinha de novembro, com sustos aqui, travessuras acolá. Sou do Movimento Viva a Quaresma (mesmo que na morte!). Pra completar, deixo vocês com a primeira história sobrenatural de algumas que virão:

O Ramalhete de Flores do Campo.
Gravura por Paulo Tanoeiro

Seu Orlando tinha uma floricultura que ficava de frente pro cemitério. Seu negocio ia de vento em popa, afinal, morre gente todos os dias e não tem lugar mais propício para uma floricultura do que ali, em frente ao cemitério. Já perdeu a conta de quantas consciências salvou, pelos mais de 10 anos que estava ali, ao vender uma flor para aquele ente querido e quase esquecido.

Diferentemente dos clientes emergenciais, ele tinha alguns costumeiros, como a dona Olga, que aparecia todas as quartas-feiras, próximo do horário de fechar a floricultura, lá pelas seis horas da tarde. Ela era uma senhorinha, nos seus setenta e poucos anos, mas aparentava muita saúde e lucidez. De passos firmes, chegava no balcão e pedia o seu ramalhete de flores do campo, conversava um tiquinho com o Orlando, saia em direção ao cemitério e entrava pelo portão.

Pelo pouco que conversaram, Orlando concluiu que Dona Olga era viúva há muito tempo e, decerto levava flores ao finado marido todas as quartas-feiras. A única queixa que Olga fazia era sobre a ausência dos seus filhos e netos, faziam muitos meses que eles não a visitaram e ela estava se sentindo só e abandonada. “Ainda bem que ela tem o túmulo de seu marido para visitar” pensava Orlando, algum exercício de afeto para ocupar seu cotidiano.

Num dia cinzento desses, morreu um grande amigo do Orlando, e ele manteve a floricultura aberta apesar da dor no coração. Mandou uma bela coroa de flores para fazer-se presente no funeral, mesmo estando do outro lado da rua. O enterro seria perto das seis da tarde, naquela terça-feira.

Quinze pras seis da tarde Orlando fechou a floricultura e foi ao enterro de seu amigo. Depois do sepultamento veio caminhando aleatoriamente pelo cemitério e ficou espantado com o numero de conhecidos seus que estavam lá, mortos. Também conseguia reconhecer alguns dos arranjos de flores saídos de sua floricultura, definitivamente era um bom negócio. Parou estarrecido em frente a um túmulo.

As flores do vazinho já estavam secas, a foto era de uma senhora de ar imponente e sério, mas de olhar feliz. Olga Albuquerque do Nascimento (17/08/1932 - 23/11/2005). Era a Dona Olga, sua cliente contumaz da floricultura. A data da morte já completava alguns anos.

Ainda pálido e com o pensamento a mil, foi até sua floricultura, reabriu as portas, fez um belo ramalhete de flores do campo e o levou até aquele tumulo. A partir desse dia, Orlando repetia o ritual: às quartas-feiras levava um ramalhete de flores do campo para a Dona Olga, e jamais percebeu qualquer sinal de outra pessoa, parente ou amigo, visitando sua singular cliente. Sentia-se contraditoriamente feliz ao perceber que Dona Olga nunca mais apareceu pra comprar um ramalhete de flores do campo.