sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A 'Historinha' da Pequena Maria.

Um dia a Émelin (eterna roommate de L.A.) me mandou essa história e pediu para que eu a reescrevesse. Aí ficou assim.

Obrigado, Nini!






Para Maria, viver em uma casa era muito mais do que simplesmente morar. Portatora de uma doença rara, não lhe era permitido se expor à luz do dia. Dizem os mais antigos que essa doença é um castigo divino, imposto àqueles que foram descrentes em Deus numa outra vida, e agora estariam pagando por esse pecado vivendo enclausurados e na escuridão.

E era desse jeito que vivia Maria, enclausurada, sob a super-proteção de uma mãe integralmente dedicada à ela. Suas amigas e parentes próximos descreviam um mundo ensolarado e colorido que ela não vivia, e jamais poderia. A televisão, na época ainda em preto e branco, retratava as praias cinzas e um sol branco, muito diferente do pouco que conseguia enxergar através de brechas em sua janela. Mesmo durante a noite, quando podia sair de casa, o mundo continuava sem cor e sem graça.

Em seu aniversário de 14 anos ela desejou conhecer o dia.

Escondida de seus pais, pouco antes do sol nascer, correu em direção à rua. Queria sentir seus olhos se fechando, feridos pela claridade do reflexo do sol na água do mar. Queria sentir seus pés queimarem na areia.

Ao pisar na praia, com o sol já nascido, Maria estava ofegante e com a pele toda vermelha de brotoejas. Mal conseguia enxergar. Era muita luz. Caiu.

E foi assim, de olhos fechados e na areia quente que Maria morreu.


terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Cultura & Arte 22.02.09

Página Cultura & Arte publicada originalmente no Jornal Umuarama Ilustrado, de Umuarama, Paraná, no dia 22 de Fevereiro de 2009.

Crônica:
- Amor de Carnaval [por Tiago Inforzato]

Resenhas:
- Hoje tem brigadeiro na casa do Schopenhauer [por Lisiê Ferré Lotti]
- O Filósofo da Vila [Filme: Noel, o Poeta da Vila, 2006]

Cartoon:
- Os Carecas, por Jefferson Silveira




Cultura & Arte 2009 - Fev-22 [Link para Download do PDF]

Amor de Carnaval


Finalmente chegamos ao fim de semana de Carnaval. É agora que os foliões se reúnem nas ruas e nos salões Brasil afora para festejar a liberdade e a fartura que, deveria desaparecer durante a quaresma. Mas os tempos mudaram, a quaresma não conta tanto assim e, pra muita gente, nem o carnaval conta tanto.

O espírito do carnaval mudou, envelheceu e, como nós mesmos, perdeu a inocência. Nos tempos antigos diziam “brincar o carnaval”, depois virou “pular carnaval”, hoje deve ser algo próximo à “zoar no carnaval”. Pode ser uma simples questão etimológica mas, no meu humilde ponto de vista, existe um abismo entre “brincar” e “zoar”, um abismo perigoso e estraga-prazeres.

Os carnavais de outrora eram cantados (e são lembrados até hoje) por marchinhas e sambas de compositores do povo ou de grandes nomes da música nacional. A idéia da máscara, da fantasia, abria portas para as pessoas serem quem elas quisessem por um fim de semana. Brincavam, cantavam, se divertiam e, na quarta-feira de cinzas todos voltavam a ser o que realmente eram novamente. Ninguém ferido física ou metafisicamente. Corações e corpos sãos e salvos, exceto pela ressaca, no caso até bem vinda, quase como um prêmio. Inclusive, a melancolia inerente da quarta-feira de cinzas é a desculpa pra essa ressaca física e moral, quando se percebe que o mundo real está aí novamente, para ser enfrentado até o próximo feriado.

Foi nesse clima de máscaras e personagens que surgiram por aqui, trazidos da Comédia dell’arte italiana, os palhaços Pierrot, Arlequim e Colombina, figuras bastante famosas do nosso folclore carnavalesco. Mas quem são eles?

O Pierrot é apaixonado pela Colombina mas não é correspondido, representa o amor, é um sonhador, tradicionalmente retratado com uma lágrima escorrendo pelo rosto e vestindo blusa e calças bufantes brancas. Colombina é uma moça esperta e bem humorada, apaixonada pelo Arlequim e com ele gosta de brincar o carnaval. Arlequim é o malandro brincalhão, que sai pelas noites de carnaval tentando encontrar o seu par, a Colombina, mas enquanto não a encontra, engana os marmanjos, rouba beijos das moças desavisadas, os doces das crianças e se diverte de montão. Ele é caracterizado por uma roupa de losangos coloridos e cara de palhaço alegre.

Hoje em dia o Pierrot prefere ficar em casa, há muita violência na algazarra dos foliões afoitos pelo excesso. O Arlequim continua aprontando das suas, mas ultimamente o pessoal anda violento e ele acaba saindo ferido de suas traquinagens. O coitado quase que morreu ano passado. A Colombina não se dá mais ao respeito, não espera mais o Arlequim brincalhão, anda preferindo algo mais radical, como esses rapazes sem nome, sem camisa e sem delongas.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Cultura & Arte 15.02.09

Página Cultura & Arte publicada originalmente no Jornal Umuarama Ilustrado, de Umuarama, Paraná, no dia 15 de Fevereiro de 2009.

Crônica:
- Brasil x Itália [por Thiago Calixto]

Resenha:
- Disco novo sai do forno amanhã [Lançamento do álbum Years of Refusal, Morrissey]

Matéria:
- Nevilton a todo vapor [Rock Independente, Ripa Na Rulipa, Dimitri Pellz, Astronauta Elvis, Jennifer Magnética, Plano Próximo, Podcast Qualquer Coisa, Neu Club]

Cartoon:
- Os Carecas, por Jefferson Silveira


terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Cultura & Arte 01.02.09

Página Cultura & Arte publicada originalmente no Jornal Umuarama Ilustrado, de Umuarama, Paraná, no dia 01 de Fevereiro de 2009.

Crônica:
- Água no Radiador

Resenha:
- Tudo o que tenho é seu ["Every Thing I Have Is Yours", Sarah Vaughan, Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Jazz, Coletânea, Drive, Trama]

Cartoon:
- Os Carecas, por Jefferson Silveira

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Cultura & Arte 25.01.09

Página Cultura & Arte publicada originalmente no Jornal Umuarama Ilustrado, de Umuarama, Paraná, no dia 25 de Janeiro de 2009.

Crônica:
- Oito Vitaminas, Ferro e Bom Senso.

Resenha:
- Quem não dança, cresce a pança. O novo do Franz vem pra emagrecer [por Nevilton de Alencar]

Cartoon:
- Os Carecas, por Jefferson Silveira