quarta-feira, 1 de setembro de 2010



   Fazia lhe falta um coração que sangrasse. Um desses, ordinários, que se apaixona fácil e perdidamente; e que também sofresse, e muito, dolorosamente e que mesmo assim lhe criasse no rosto aquele sorriso bobo, constante, tão clichê de dar dó - mas seria, sem dúvida, o mais sincero riso de dor de amor do mundo! Um coração que se rasgasse de saudade e se recriasse belo, pulsante e vermelho assim que novamente envolto em carinho. Que despertasse em si todos os mais incômodos e abençoados sintomas de amor, e que lhe fizesse até chorar escondido, às vezes. Não importava o desconforto, não tê-lo lhe doía agudo na alma.
   Sentia-se, então, melhor.


Ps: Texto ilustrado por "Os Amantes", de René Magritte (óleo sobre tela, 1928).

Um comentário:

Anônimo disse...

Porque o seu coração é um coração de Vinícius:

"Hei de morrer de amar mais do que pude"


Lindo.


Beijos

Lis