Durante esse período de repouso forçado por infeliz incidente, numa luta ferrenha ao tédio e combatendo o aparecimento das teias de aranhas intelectuais (já que as musculares não tem tanto jeito e vão se criar algumas, por ordens médicas), andei puxando umas histórias interessantes do baú da memória e venho compartilhá-las com vocês.
E que seja isso um novo impulso a este blog tão querido por mim e tão deixado de lado.
E lá vamos nós!
E que seja isso um novo impulso a este blog tão querido por mim e tão deixado de lado.
E lá vamos nós!
Os antigos sempre alertaram sobre os perigos de se andar descuidado durante a Quaresma, pois é quando a bruxa e demais assombrações estão soltas no mundo. E se você for prestar atenção, os famigerados quarenta dias entre o Carnaval e a Páscoa são mesmo um período rico em histórias estranhas. Uma delas, inclusive, aconteceu comigo, quando eu trabalhava de freelancer num bar chamado Naïve, que fica na esquina da Rua Sergipe com a Mato Grosso, em Higienópolis, na rua detrás do Cemitério da Consolação, aqui em São Paulo. Um bar bem legal, que merece a visita, diga-se de passagem.
Era uma noite normal de Março, uma quinta-feira. O bar não estava lotado, mas havia muitas pessoas ali, em pé na calçada, bebendo e conversando, como de costume. Havia também esse rapaz - dizia chamar-se Mário -, tranquilo, calado, sentou-se na última mesa encostada na parede, perto da esquina, e por lá ficou durante a noite toda. Pediu uma jarra de mojito, que é um dos grandes sucessos do bar e a bebeu inteira, sozinho e sem pressa. Ao terminar a jarra, pediu um sorvete de creme de amendoim e uma segunda jarra de mojito. Falava pouco e gostava de observar o movimento ao seu redor. Parecia bem satisfeito com tudo, e cliente com cara de satisfeito é o que a gente mais quer ver num bar quando se trabalha nele.
Com a noite terminando, já perto das duas da manhã, todos foram embora e, por último, nosso amigo calado. Foi até o caixa, pagou com seu cartão de débito e saiu. Ali fora, na calçada, se despediu da gente, parabenizou o bartender pelo delicioso mojito e a toda a equipe pelo bom atendimento. Disse que da casa dele dá pra ouvir a música tocando e ele ficava assistindo as pessoas ali, se divertindo, e que, apesar da imensa vontade, nunca pode vir. Finalmente conseguira naquela noite e estava muito feliz por isso.
E nós também! Ficamos muito contentes pela satisfação do cliente e o convidamos para voltar mais vezes. Disse que voltaria sim, logo que tivesse outra chance, voltaria. E completou dizendo que traria alguns maracujás que tinha no quintal de casa, pra poder tomar uma caipirinha de maracujá com o copo feito da casca da fruta, como ele viu alguns freqüentadores tomando.
Após se despedir de nós mais uma vez, atravessou a rua, atravessou o muro do cemitério e desapareceu. Bem ali, na altura de um enorme o pé de maracujá, que nasce dentro do cemitério e já está saltando pro lado de fora.
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