Garimpando na minha caixa de e-mail, me deparei com uma correspondência entre mim e uma amiga que, naquela época, se sentia ansiosa com as mil coisas que já estavam planejadas e que poderiam acontecer nos próximos meses, mas não tinha muito pra fazer agora, exceto esperar. Como era uma pessoa muito ativa, resolvida e não menos ansiosa, esperar não era sua praia, se sentia perdida e meio triste, sem saber o que fazer.
Eu poderia ter feito como a maioria das pessoas faz e usar daquela solidariedade automática, também chorar minhas pitangas, dizendo que "ah, pois é, eu também tô cheio de problemas... essa vida é uma loucura mesmo! Ah, que mundo cruel!". Mas pensei: que tipo de amigo seria eu que, ao invés de confortar, elevando a outra pessoa para um nível mais alto, onde ela possa ver mais longe e se sentir melhor e mais segura com o futuro; também me jogo no buraco para chorarmos juntos e não sairmos mais dali?
Não respondi o e-mail de imediato. Fiz um chá e fiquei olhando a noite pela janela, meditando. Era madrugada, a Rua da Consolação, que outrora estava lotada de carros, agora estava vazia e assim ficaria até o amanhecer; a lua não estava mais cheia, cumpria sua sina de ir sumindo dia após dia para desaparecer completamente durante a lua nova e depois voltar a crescer até atingir a fase cheia outra vez; olhei os vultos das árvores balançando com o vento que as jogavam pra um lado e para o outro, constantemente, quase que no ritmo da minha respiração que enchia e esvaziava meus pulmões de ar, num ciclo infinito e constante, mas sempre com uma pausa entre o final do encher e o início do esvaziar. Mas, em tudo o que tinha observado havia esse momento de ausência de movimento entre as fases dos ciclos. Ora, ausência de movimento é bem o período em que minha amiga estava e, pelo que me parece - e pelo que consta nas leis da Física sobre Movimento -, é bem natural que isso aconteça.
Mesmo sendo a 3ª lei de Newton e o Movimento Pendular de Galileu Galilei belos argumentos para uma palestra motivacional, não se preocupem, venci a tentação verborrágica e apenas publicarei o que respondi depois de alguns dias de reflexão e observação:
"Nos últimos dias, pensei sobre como é naturais isso que te acontece. Fiquei olhando a natureza e, pra todo impulso, há um momento em que não se tem movimento, onde a as forças são nulas: na onda do mar, entre a onda que vai e a onda que vem; na respiração, entre o inspirar e o expirar e por aí vai. E é nesse momento que você está, entre fôlegos, entre ondas, um momento mais natural do que a gente pensa, mas que dá uma estranha e inevitável agonia. Aproveite-o! Use-o pra pensar no que você conquistou, internalize o que passou, faça planos, pense no futuro também. Pois, acho que, quando o bicho pegar e tudo engrenar, aí você não vai ter mais muito tempo pra pensar e planejar. Vai ser puro agir."
Enfim, nunca vai dar errado. Acalmar-se. Respirar. Olhar ao redor. Ficar atento. A melhor resposta vai ser a mais simples, a mais natural. Faça o teste.
3 comentários:
Das coisas que a dança me ensinou: quase sempre é mais simples do que parece. Mas a gente continua teimando.
Que resposta mais linda. :)
Pra você ver, gostei tanto da resposta que publiquei!
Vai que serve de alento pra alguém mais, né? :D
Obrigado pela visita.
Estou nesse momento também!
E sentindo que quando sair daqui, o bicho vai pegar!
Melhor curtir esse hiato e respirar profundamente :) Amo tu!
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