Inspirado numa versão de um conto de Eckhart Tolle que Leandro Karnal contou em uma palestra do Café Filosófico.
Dois monges budistas caminhavam pela floresta e, ao chegarem à beira de um rio, encontraram uma garota muito bonita, vestida com pouco pano e exalando sensualidade. E ela pedia ajuda para atravessar o rio.
Ambos haviam feito voto de castidade, e o monge mais novo, ainda na punjança hormonal da juventude, sentindo-se ofendido pela presença e atitude da moça, negou a ajuda. Mas, para o espanto do mais novo, o monge mais velho, caridosamente e de muito bom grado, ofereceu-se para ajudar e, colocando a moça nas costas, a levou até o outro lado do rio, seca e em segurança. Despediram-se todos, e a viagem prosseguiu normalmente.
Quilômetros depois, o jovem monge, remoendo o acontecido e ainda revoltado com a atitude mundana de seu companheiro mais velho, perguntou-lhe, indignado:
– Como é que você cedeu àquela tentação? Como ousou envolver-se na luxuria dessa forma, arriscando seus votos, e ainda continuar calmo e tranquilo?
Com um sorriso amigável e sincero, o monge mais velho responde:
– Estou tranquilo e em paz porque eu carreguei a moça apenas até o outro lado do rio; mas, pelo jeito, você ainda a está carregando.
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