terça-feira, 12 de maio de 2015

O quanto carregamos, o quão longe vamos.

Inspirado numa versão de um conto de Eckhart Tolle que Leandro Karnal contou em uma palestra do Café Filosófico.





Dois monges budistas caminhavam pela floresta e, ao chegarem à beira de um rio, encontraram uma garota muito bonita, vestida com pouco pano e exalando sensualidade. E ela pedia ajuda para atravessar o rio.

Ambos haviam feito voto de castidade, e o monge mais novo, ainda na punjança hormonal da juventude, sentindo-se ofendido pela presença e atitude da moça, negou a ajuda. Mas, para o espanto do mais novo, o monge mais velho, caridosamente e de muito bom grado, ofereceu-se para ajudar e, colocando a moça nas costas, a levou até o outro lado do rio, seca e em segurança. Despediram-se todos, e a viagem prosseguiu normalmente.

Quilômetros depois, o jovem monge, remoendo o acontecido e ainda revoltado com a atitude mundana de seu companheiro mais velho, perguntou-lhe, indignado:

– Como é que você cedeu àquela tentação? Como ousou envolver-se na luxuria dessa forma, arriscando seus votos, e ainda continuar calmo e tranquilo?

Com um sorriso amigável e sincero, o monge mais velho responde:

– Estou tranquilo e em paz porque eu carreguei a moça apenas até o outro lado do rio; mas, pelo jeito, você ainda a está carregando.

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