segunda-feira, 18 de julho de 2016

Mulher-Lua




É impossível negar que toda música desperta algum sentimento, e pouca gente vai discordar de mim. Seja bom ou mal, seja nojo ou maravilhamento, não importa, toda música desperta algo na gente. Mas há algumas canções que vão mais fundo que outras e convulsionam áreas tão profundas que nem sabíamos existir. Uma dessas canções, na minha vida, é a Moon Woman 2, que faz parte do primeiro álbum do Elvis Perkins, chamado Ash Wednesday, lançado em 2007.

Num primeiro momento, a música me tocou pela sonoridade, timbres lindos de violão, bateria, violino e contrabaixo acústico; pela melancolia e por dois versos de efeito, que sozinhos já criaram um quadro lindo na minha imaginação: "It hasn't been this bright in a century and a third" (Não tem sido tão brilhante em um século e um terço) e "You've got this power over me" (Você tem esse poder sobre mim).

Elvis Perkins dá à mulher amada os mesmo poderes da Lua sobre a terra. Ela ilumina as noites, tem grande influência nas marés e em tudo quanto é ciclo; na fertilidade, crescimento e colheita de todas as coisas; dos nossos fios de cabelo às grandes Secóias da Califórnia. Realmente, os mesmos poderes que quem amamos tem sobre nós.

Reconheço que não foi uma ideia muito inovadora comparar o ser amado com a Lua que, apesar de uma imagem muito bonita, também é bastante comum no universo lirico mundial. Mas, o que me me encanta é que, de alguma forma, mesmo não sendo tão original falar da mulher amada que, como a lua, intocável e inacessível, sequer sabe da sua existência, mas influencia e ilumina a escuridão que se fazia por mais de século em sua vida, Elvis me despertou algo que jazia muito profundo em mim, e tem me feito olhar, novamente, com mais atenção e reverência a beleza das pessoas que se orbitam e se influenciam, umas às outras outras, através dessa força gravitacional irresistível que é o amor.

Nenhum comentário: