*texto para o setembro amarelo, campanha mundial de prevenção ao suicídio.
É muito comum alguma melancolia na vida, é natural. Se não o fosse, não a sentiríamos. Mas é importante estar atento quando um quadro de melancolia atravessa as fronteiras da normalidade e se transforma em uma tristeza constante, viciante, paralisante.
Exitem muitas causas para as tristezas que nos levam a vários estados psicológicos mais extremos e perigosos como a depressão, nos quais a vida, que já não é fácil, fica exponencialmente mais difícil e pesada, ainda mais num mundo onde todos os paradigmas são materialistas.
Não aceitar-se fisicamente; frustrações pessoais ou sociais; acúmulo de remorsos e culpas por atitudes impensadas e seus desdobramentos ruins; quando nada mais faz sentido; quando acabam-se todas as esperanças de que, através de um próximo passo, de um movimento seguinte da vida, as coisas vão começar a melhorar. Quando não resta mais força para resistir e continuar ou a esperança de receber qualquer tipo de auxílio exterior, nos sentimos marginais e inúteis. Desencadeamos, assim, processos de auto-punição consciente ou inconsciente; o auto-boicote e a falta amor e de cuidado conosco mesmos.
A consequência deste estado de lástimas e desespero pode ser o simples isolamento e o silêncio ou algo mais drástico como o desistir da própria vida, praticando o suicídio voluntário e imediato ou, ainda, uma outra forma de suicídio, inconsciente, a longo prazo: os vícios químicos e psicológicos que nos intoxicam e desgastam o corpo até que se acabem as possibilidades dele permanecer vivo.
Ou seja, resultado de diversos fatores e processos que culminam na perda do amor e da confiança em si mesmo, suicidar-se é um ato de desespero, mas que pode ser evitado. Conforme a OMS, mais de 90% dos suicídios poderiam ser evitados se fossemos mais atentos aos sintomas e cuidadosos no tratamento. Por isso é importante pedir ajuda e ajudar-se, sem medo de julgamentos.
Por isso, entender-se merecedor de ajuda é fundamental. O Perdão e o Autoperdão são remédios que combatem diretamente os mal-estares que criamos conosco e com os outros. Com eles, os rancores, os ódios, as tristezas e o sentir-se desconectado e marginalizado da sociedade são afastados, pois se entende que todo mundo é tão imperfeito quanto nós mesmos, e é muito normal falhar, não atingir o nível de perfeição que se sonhava.
Erramos ontem, erramos hoje e erraremos amanhã. A paciência com nossas próprias limitações é exercício de humildade, que pode melhorar nosso nível de paciência com as limitações dos outros que convivem conosco. Perdoar-se é entender-se humano, falível. Perdoar o outro é entendê-lo humano e falível também.
Assim, nos entendendo, nos amamos com mais facilidade. E, participando desse amor que nos exime da culpa, damos uma nova chance para, uma outra vez, mais fortes, humildes e pacientes vivenciar todas as experiências e oportunidades que a vida nos trará para fazermos, de cada dia, um dia melhor. E nunca mais restará dúvidas de que a vida sempre vale a pena, sempre.
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