Milênios de história e os que nos governam vem tomando as mesmas péssimas atitudes de sempre. O descaso com o Povo e a despreocupação em criar mecanismos para que todos ou, pelo menos, a maioria consiga desenvolver uma vida digna, atingindo objetivos e realizando sonhos não é de hoje. E mesmo assim, nós também temos tomado a mesma péssima atitude de mantê-los ali, no comando e na folia, mesmo cansados de saber que as soluções nunca vieram "lá de cima", pelo contrário, de lá só vieram os problemas. É evidente, e sempre foi, que a mudança é um trabalho nosso, do Povo, por isso deveríamos estar todos unidos a nosso favor, pelo bem comum, e não nos digladiando por ideologias, ou por quem jamais nos defendeu ou ajudou sem sequer demonstrar qualquer sinal de remorso.
Junto com as notícias mais recentes, o texto abaixo me inspirou o poema "Excelência,". Ele é trecho da biografia de Anália Franco e descreve fatos de 100 anos atrás, mas que poderiam ser atuais, em qualquer esfera do poder público.
Junto com as notícias mais recentes, o texto abaixo me inspirou o poema "Excelência,". Ele é trecho da biografia de Anália Franco e descreve fatos de 100 anos atrás, mas que poderiam ser atuais, em qualquer esfera do poder público.
"(...) O ano de 1918 não pareceu diminuir as dificuldades do povo paulista, castigado por um inverno excepcionalmente frio, com grandes prejuízos para a lavoura e a temperatura chegando a marcar mais de 3.C negativos. Devastadoras ondas de pragas invadiram seus campos diminuindo a oferta de alimentos e, particularmente na capital, as chuvas elevaram o nível dos rios Tietês, Tamanduateí e Pinheiros, causando inundações e paralisação quase total dos trens. Enquanto isso, o prosseguimento da guerra na Europa mobilizava a grande e apreensiva massa de imigrantes fazendo crescer a tensão social.
E seria com esse cenário que a progressiva são Paulo veria chegar o auge de suas agruras com a pandemia da gripe espanhola que revelou uma Saúde Pública totalmente impotente e um desencontro total entre autoridades e médicos. Enquanto durou a epidemia, a Câmara Municipal não funcionou porque os representantes do povo acharam ser sua integridade mais importante que a do povo que os elegeu e trataram de deixar a cidade. Ante o desmazelo e o despreparo do poder público, a sociedade civil teve de organizar-se para evitar o aumento da catástrofe, enterrando os mortos em valas comuns, tentando tratamentos alternativos para os doentes, improvisando hospitais e dividindo os escassos alimentos.
A vida, naquele fim de 1918, não valia nada. O medo pairava no ar. Ninguém poderia julgar-se imune ou protegido e, ao menor sintoma, o desespero tomava conta de muitos, verificando-se, então, uma onda de suicídios, de homicídios e de tragédias. A falta de recursos médicos, a desinformação, a irresponsabilidade de políticos e médicos só foi compensada pela capacidade com que a população soube se mobilizar."
in MONTEIRO, Eduardo Carvalho. Anália Franco - A grande dama da educação brasileira. 1a. Edição: São Paulo, Madras, 2004. p. 220
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