"Standing on a hill in my mountain of dreams
Telling myself it's not as hard as it seems"
Jimmy Page e Robert Plant
Nas últimas semanas, todas as noite, assim que as missões diárias são cumpridas e estou voltando pra casa, me surge na cabeça a canção "Going to California", do Led Zeppelin. É inevitável, automático, quando me dou por mim, já estou cantarolando aquela melodia linda e nostálgica do Robert Plant, imaginando aqueles mandolins todos do John Paul Jones beliscando os acordes de violão do Jimmy Page e uma enxurrada de boas lembranças e sentimentos começam a escorrer da memória pelo corpo todo.
Mas, por que diabos "Going to California"? Sim, é uma música linda, mas faz anos que não a escuto. Não podia ser aquela do Sinatra que ouvi centenas de vezes na semana passada? Por quê meu subconsciente está indo buscá-la tão longe? Então a resposta vem clara quando me deparo, na letra da canção, com os versos que abrem este texto: "Em cima de um dos monte da minha montanha de sonhos; dizendo a mim mesmo que não é tão difícil quanto parece".
Obrigado, subconsciente! Então você está tentando me dizer, todas as noites, pra eu ficar tranquilo, pois ao escalar minha montanha de sonhos, por mais difícil que pareça, quanto mais alto eu chegar, menos difícil parecerá o trajeto até ali? E você tem razão! Os amigos alpinistas podem, com certeza, confirmar esse sentimento.
Quem tem sonho tem força. A humanidade não caminha sem estímulo, nada segue em frente sem estímulo. Foi assim que fomos forjados, sobrepondo sonhos e necessidades aos desafios que se apresentaram a cada momento. Da agricultura às tecnologias espaciais, todos os passos importantes na evolução humana foram dados para eliminar desconfortos. Seguimos abrindo portas, antes derrubando-as, agora, fazendo as chaves; galgamos os degraus da evolução com passos cada vez mais firmes.
Citando, também, J. R. R. Tolkien, grande influência na vida e música de Page e Plant, que escreveu na abertura do livro "O Hobbit" : "Um passo a frente e você já não está no mesmo lugar". Percebemos que, às vezes o passo é pro lado errado, mas isso é natural de quem está se sentindo incomodado, procurando por uma saída, uma solução urgente e, no calor do momentos só se preocupa em sair dali. E após o passo, num novo lugar, é inevitável que novos desafios se apresentem. É preciso estar sempre preparado e atento para este ciclo infinito de estímulos e possibilidades para exercitarmos nossa criatividade e força, tanto como indivíduos quanto sociedade humana.
Por isso tudo, antes de sentarmos e chorarmos desesperados, cansados e desanimados com as dores pelo corpo, com o desânimo na alma, tiremos os olhos do chão, e de cima de um dos montes da nossa montanha de sonhos, façamos como sugere a canção, apreciemos a paisagem e percebamos o quão alto chegamos. Relembremos dos desafios vencidos pelo caminho até aqui e de como, independente das dores que trouxeram, eles serviram para provar a nossa capacidade de superarmos obstáculos e sermos ainda melhores do que supomos ser. E é verdade, Robert, daqui de cima, não é tão difícil quanto parecia ser.
E aí está ela. Going to California, ao vivo em Earls Court, Londres, 1975 :
Um comentário:
Ao terminar de ler, concluí que mesmo que tenhamos um pesadelo durante o sono, não podemos deixar é de sonhar, porque no outro dia podemos ter um belo sonho como sonhar que está correndo livremente sobre um campo verdejante e florido
Postar um comentário